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A Anamnese na Psicopedagogia: Uma Imersão Detalhada



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A anamnese é muito mais do que um simples questionário. No contexto psicopedagógico, ela é a sessão fundamental que nos permite mergulhar na história de vida do sujeito (criança, adolescente ou adulto) e coletar dados essenciais que irão iluminar todo o processo diagnóstico e, consequentemente, a intervenção.

Conforme o "Manual Prático do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico" de Simaia Sampaio, o objetivo principal da anamnese é resgatar a história de vida do sujeito e colher dados importantes que possam esclarecer fatos observados durante o diagnóstico, bem como saber que oportunidades este sujeito vivenciou como estímulo a novas aprendizagens.

A Importância Estrutural da Anamnese no Diagnóstico

No esquema diagnóstico proposto pela Epistemologia Convergente (abordagem de Jorge Visca, citada no livro), a anamnese muitas vezes figura como uma das últimas etapas de coleta de dados. Por que isso? A autora do manual, Simaia Sampaio, destaca uma importante reflexão: evitar a "contaminação" do olhar do profissional.

Se a anamnese é realizada logo no início, com pais fornecendo um "bombardeio de informações" e por vezes, laudos prontos de outros profissionais (psicólogos, neuropsicólogos), o psicopedagogo iniciante corre o risco de ser influenciado. Isso pode levar a uma busca por indícios do distúrbio já mencionado no laudo, deixando de lado aspectos positivos do sujeito e distorcendo a percepção "ingênua" necessária para uma observação imparcial.

Portanto, o livro sugere que a anamnese, embora essencial, seja realizada em um momento estratégico para confrontar todas as hipóteses levantadas nas fases anteriores do diagnóstico (EOCA, Provas Operatórias, Técnicas Projetivas).

O Que Investigar Detalhadamente na Anamnese?

A anamnese é a peça-chave para montar o "quebra-cabeças" do diagnóstico, revelando informações do passado e do presente do sujeito, assim como as variáveis de seu meio. O manual de Simaia Sampaio oferece um roteiro abrangente de investigação:

  1. História Vital (Desde a Concepção):

    • Gravidez (desejada, aceita, intercorrências, uso de medicações).

    • Parto (tipo, intercorrências como falta de dilatação, circular de cordão, uso de fórceps). O livro ressalta que "Algumas circunstâncias do parto... costumam ser causa da destruição de células nervosas que não se reproduzem e também de posteriores transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo-motriz."

    • Primeiras aprendizagens não escolares (uso de mamadeira, copo, colher, engatinhar, andar, controlar esfíncteres).

    • Autonomia no desenvolvimento: os pais incentivavam ou superprotegiam?

  2. História Clínica/Patológica Pregressa:

    • Doenças na infância (sarampo, catapora, caxumba, rubéola, coqueluche, meningite, otite, amigdalites, alergias).

    • Internações, cirurgias, acidentes, quedas, traumatismos, convulsões.

    • Condições psicológicas da mãe durante a gravidez.

  3. Desenvolvimento Neuropsicomotor:

    • Idade em que sustentou a cabeça, sentou, engatinhou, andou, falou.

    • Problemas de fala, salivação excessiva, coordenação motora, equilíbrio.

    • Dominância manual.

  4. Sono e Hábitos:

    • Qualidade do sono (tranquilo, agitado, range dentes, terrores noturnos, sonambulismo, soniloquismo).

    • Hábitos específicos (chupar dedo, roer unha, tiques nervosos, manias, vinculação a objetos).

  5. Escolaridade:

    • Idade de entrada na escola, adaptação, aceitação, trocas de escola, metodologia das escolas, aspectos positivos/negativos da aprendizagem.

    • Queixas frequentes: dificuldades em ler, escrever, contar, calcular, coordenação motora, atenção, concentração, troca de letras, letra ilegível, esquecimento.

  6. Relações Familiares e Sociais:

    • Consciência da família sobre as dificuldades da criança.

    • Papel da família no desenvolvimento da autonomia.

    • Presença de autoritarismo, limites, afetividade, forma de punição.

    • Relação com pais, irmãos, amigos, professores.

    • Conflitos familiares, perdas (separação, falecimento).

  7. Informações Gerais Familiares:

    • Situação econômica e cultural.

    • Frequência de leitura de livros, ida ao cinema, teatro, participação em atividades de artes.

    • Hábitos de lazer, constância de diálogos, refeições em conjunto.

    • Presença de vícios (drogas, alcoolismo).

Condução da Anamnese: A Postura do Psicopedagogo

O manual enfatiza que a anamnese deve ser conduzida de forma que os pais se sintam à vontade para falar. O psicopedagogo pode ter um roteiro, mas não deve transformá-lo em um questionário automatizado. A escuta ativa, a capacidade de complementar ou aprofundar um assunto, e a flexibilidade para deixar a família falar livremente são cruciais.

É fundamental que o psicopedagogo esteja seguro de suas posições e não ceda às exigências dos pais, pois eles também precisam de limites e de uma compreensão clara e profissional do processo. A autora sugere que o profissional realize periódicas sessões de terapia e supervisão para sentir-se mais seguro e evitar a "contaminação" por histórias que possam se assemelhar à sua própria vivência.

A anamnese é a base para o psicopedagogo, fornecendo o suporte necessário para uma prática ética e eficaz, desvendando as complexas camadas que envolvem o processo de aprendizagem do sujeito.

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