TDAH em Mulheres: O Desafio Silencioso e o Papel da Neuropsicopedagogia no Diagnóstico e Intervenção
- Juliana Palma
- há 2 dias
- 4 min de leitura

Quando se fala em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), muitas pessoas ainda associam o transtorno a meninos agitados, hiperativos e com dificuldades escolares evidentes. No entanto, o TDAH em mulheres é uma realidade silenciosa, muitas vezes subdiagnosticada e mal compreendida. Este artigo vai explorar como o TDAH se manifesta nas mulheres e como o olhar da Neuropsicopedagogia pode ser essencial para a identificação e intervenção nesses casos.
Por que o TDAH em mulheres é menos diagnosticado?
A literatura científica e a prática clínica apontam uma grande diferença de manifestação do TDAH entre meninos e meninas. Enquanto nos meninos predominam os sintomas de hiperatividade e impulsividade, nas meninas e mulheres, o tipo mais comum é o TDAH predominantemente desatento.
Isso significa que, ao invés de comportamentos agitados e disruptivos, a mulher com TDAH tende a apresentar:
Distração excessiva;
Dificuldade em manter o foco;
Esquecimentos frequentes;
Organização deficiente;
Procrastinação constante.
Esses sintomas acabam sendo interpretados, durante a infância, como “desatenção normal”, “timidez” ou “falta de esforço”. Muitas meninas passam despercebidas durante os anos escolares e só recebem um diagnóstico já na vida adulta, quando as cobranças da vida profissional, conjugal e materna aumentam.
Os impactos do TDAH na vida adulta feminina
Na vida adulta, o TDAH feminino traz uma carga emocional ainda maior. A mulher com TDAH muitas vezes se sente sobrecarregada por não conseguir administrar tarefas simples do cotidiano, como:
Pagar contas em dia;
Manter a casa organizada;
Lidar com a rotina dos filhos;
Cumprir prazos no trabalho.
A pressão social sobre a mulher, que tradicionalmente é vista como responsável pela organização do lar e da família, agrava ainda mais o quadro. Muitas mulheres com TDAH relatam sentimentos constantes de culpa, frustração e inadequação.
Além disso, o TDAH em mulheres está fortemente associado a problemas emocionais como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Elas acabam se vendo como “desorganizadas”, “preguiçosas” ou “incapazes”, quando na verdade estão lidando com um transtorno neurobiológico.
Como a Neuropsicopedagogia pode ajudar no diagnóstico?
O diagnóstico do TDAH é clínico, feito por médicos especializados. No entanto, o trabalho do Neuropsicopedagogo é fundamental para levantar hipóteses diagnósticas e fornecer um olhar ampliado sobre o funcionamento cognitivo e emocional da paciente.
Durante a avaliação neuropsicopedagógica, a mulher é analisada em diferentes dimensões:
Processos de atenção e concentração;
Memória de trabalho;
Funções executivas (planejamento, organização e controle inibitório);
Padrões de aprendizagem;
Habilidades emocionais e comportamentais.
Essa análise detalhada permite ao Neuropsicopedagogo identificar padrões típicos de TDAH feminino, diferenciando o transtorno de outras condições como ansiedade, depressão ou até mesmo sobrecarga emocional.
Além disso, o profissional pode aplicar instrumentos de triagem e escalas que auxiliam na construção de um laudo descritivo, que servirá de suporte para o encaminhamento médico.
Intervenção Neuropsicopedagógica: estratégias práticas para mulheres com TDAH
Após o levantamento de hipóteses, o Neuropsicopedagogo pode elaborar um Plano de Intervenção Personalizado, com foco nas principais dificuldades apresentadas pela paciente. Algumas estratégias comuns incluem:
1. Treino de Funções Executivas
O desenvolvimento de habilidades como planejamento, organização e gestão de tempo é essencial. O profissional pode trabalhar com agendas, checklists e técnicas de priorização de tarefas.
2. Técnicas de Autorregulação Emocional
O TDAH feminino costuma vir acompanhado de uma grande oscilação emocional. Por isso, o trabalho com estratégias de reconhecimento emocional, mindfulness e controle da impulsividade pode trazer excelentes resultados.
3. Orientação para o Ambiente de Trabalho
Muitas mulheres com TDAH têm dificuldade em cumprir prazos e organizar demandas profissionais. A Neuropsicopedagogia pode ajudar com técnicas de organização do espaço de trabalho, uso de aplicativos de produtividade e criação de rotinas mais eficientes.
4. Apoio Psicopedagógico na Vida Acadêmica
Se a paciente ainda está cursando faculdade ou cursos de formação, o Neuropsicopedagogo pode oferecer suporte com técnicas de estudo, gestão do tempo e estratégias de aprendizagem adequadas ao perfil cognitivo dela.
5. Acompanhamento e Suporte Psicossocial
O processo de intervenção também inclui escuta ativa, acolhimento emocional e orientação para que a paciente entenda suas limitações sem se culpar. Isso é fundamental para a reconstrução da autoestima.
A importância da rede de apoio
Além do trabalho com a própria paciente, a Neuropsicopedagogia também inclui orientações para a família e parceiros(as), quando necessário. É importante que o ambiente social compreenda o que é o TDAH e quais estratégias podem ser adotadas para apoiar a paciente no dia a dia.
Professores, empregadores e até amigos próximos também podem ser incluídos no processo de conscientização.
Quando encaminhar para outros profissionais?
Em casos mais graves ou quando existem comorbidades associadas, como depressão profunda ou transtorno de ansiedade generalizada, o Neuropsicopedagogo pode encaminhar a paciente para atendimento psicológico, psiquiátrico ou terapia ocupacional.
O trabalho em equipe multidisciplinar sempre será mais eficiente para tratar o TDAH de forma integral.
Conclusão: O olhar cuidadoso que faz a diferença
O TDAH em mulheres é, sem dúvida, um desafio silencioso. Por trás de uma rotina desorganizada e de sentimentos de inadequação, pode existir uma condição neurológica que merece ser identificada e tratada com seriedade.
A Neuropsicopedagogia surge como uma poderosa aliada nesse processo, oferecendo acolhimento, diagnóstico diferencial e estratégias práticas de intervenção.
Se você é mulher e se identificou com os sintomas descritos, ou conhece alguém que pode estar passando por isso, procure ajuda especializada.
👉 Agende uma avaliação neuropsicopedagógica e descubra como podemos ajudar você a ter uma vida mais organizada, produtiva e emocionalmente equilibrada.
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